Proibição de Israel à UNRWA na Palestina aprofundará a catástrofe humanitária

UNRWA é a responsável por distribuir quase toda a ajuda humanitária da ONU na Palestina, e decisão dificulta ainda mais a sobrevivência da população em Gaza

Destruição no norte de Gaza após bombardeios. Gaza, outubro de 2024. ©MSF

A proibição de Israel para as operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês), votada em 28 de outubro pelo Knesset, representa um golpe devastador à vida palestina. A decisão prejudicará ainda mais as perspectivas de sobrevivência das pessoas na Faixa de Gaza e terá um grande impacto nas comunidades da Cisjordânia.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) denuncia essa legislação, que representa uma proibição desumana da ajuda humanitária vital. A votação do Knesset (parlamento israelense) está empurrando os palestinos em direção a uma crise humanitária ainda mais profunda. É imperativo que o mundo atue para salvaguardar os direitos fundamentais dos palestinos. Uma intervenção internacional imediata é necessária para pressionar Israel a permitir o acesso irrestrito à ajuda humanitária, implementar um cessar-fogo e acabar com a atual campanha de destruição em Gaza.

 

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“A UNRWA é uma tábua de salvação para os palestinos”, diz Christopher Lockyear, secretário-geral de MSF. “Se implementada, a proibição das atividades da UNRWA terá implicações catastróficas na grave situação humanitária dos palestinos que vivem em Gaza, assim como na Cisjordânia, agora e para as gerações futuras. Condenamos veementemente essa decisão, que é o resultado de uma longa campanha contra a organização.”

 

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A UNRWA é responsável por quase toda a distribuição de ajuda humanitária da ONU que chega à Faixa de Gaza. A legislação recentemente aprovada tornará quase impossível para a UNRWA trabalhar em Gaza ou na Cisjordânia. A coordenação com as autoridades israelenses será impedida, e os pedidos de permissão de entrada para qualquer um dos territórios ocupados serão negados, bloqueando essencialmente a entrega da ajuda da UNRWA em Gaza.

A UNRWA é a maior prestadora de serviços de saúde em Gaza. Mais da metade dos moradores da Gaza dependem dessa agência da ONU para serviços essenciais de saúde, incluindo tratamento de doenças crônicas, saúde materna e infantil e vacinação. As equipes de saúde da UNRWA fornecem mais de 15 mil consultas por dia na Faixa de Gaza.

 

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A proibição de suas atividades ameaça criar uma grande lacuna de serviços, dentro de um sistema de saúde já amplamente destruído em Gaza, o que coloca as vidas dos palestinos em risco direta e indiretamente. Sem uma ação urgente, mais moradores de Gaza podem morrer de doenças preveníveis e condições relacionadas ao deslocamento.

O impacto da proibição da UNRWA se estenderá além de Gaza. Serviços essenciais, incluindo gestão de acampamentos de refugiados, serviços de saúde, educação e programas sociais em toda a Cisjordânia também correm o risco de desestabilização sob esta legislação. Essa lei estabelece ainda um precedente grave para outras situações de conflito nas quais os governos podem querer eliminar uma presença inconveniente das Nações Unidas.

Por meses, líderes e organizações internacionais, incluindo MSF, têm alertado sobre o potencial desastroso dessas novas leis recentemente adotadas. No entanto, Israel optou por seguir em frente com medidas que irão minar a assistência vital, colocando em risco a vida dos palestinos e intensificando a punição coletiva imposta a eles.

Esta votação se soma aos intermináveis ​​impedimentos físicos e burocráticos impostos por Israel para limitar a quantidade de ajuda que chega a Gaza e contradiz flagrantemente as alegações de Israel de que está facilitando a assistência humanitária na região.

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