Quase um ano após morte de profissionais de MSF, nenhuma ação tomada pelo governo Afegão

MSF apela ao governo do Afeganistão para que investigue por completo a morte dos profissionais humanitários e processe os responsáveis pelos brutais assassinatos. O principal suspeito que havia sido removido do posto de policial já foi reintegrado

No dia em que o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, visita a Bélgica, Médicos Sem Fronteiras renova seu apelo ao governo afegão para que investigue por completo a morte dos cinco profissionais de MSF, em junho de 2004, no Afeganistão.

Egil Tynaes, Pim Kwint, Hélène de Beir, Faisal Ahmad e Besmillah foram brutalmente assassinados na província de Badghis, no noroeste do país, no dia 2 de junho de 2004. Esses assassinatos e o fracasso do governo afegão de investigar adequadamente o caso levaram MSF a fechar seus projetos no Afeganistão, após 25 anos oferecendo assistência humanitária às vítimas do conflito naquele país.

Apesar de muitas promessas feitas pelo governo afegão, ninguém foi preso nem processado pelos assassinatos. O Ministro do Interior do Afeganistão, responsável pelas investigações relacionadas ao crime, informou à organização que um comandante da polícia seria o principal suspeito dos assassinatos. O policial foi removido do seu posto no distrito de Oadis da província de Badghis após o crime, mas o Ministro confirmou recentemente que ele foi reincorporado, apesar das acusações contra ele.

"Reintegrar o principal suspeito dos assassinatos de profissionais de ajuda humanitária a um posto na polícia representou uma aprovação oficial do crime”, disse Gorik Ooms, Diretor Geral de MSF na Bélgica. “Os governos, incluindo inúmeros países europeus e os Estados Unidos, que apóiam os órgãos militares e policiais do Afeganistão, não deveriam aceitar que seus parceiros mantenham no cargo um suspeito de um assassinato contra profissionais de ajuda humanitária”.

MSF só pode concluir que o governo do Afeganistão fracassou em assumir sua responsabilidade de investigar e processar os envolvidos nos assassinatos dos cinco profissionais de ajuda humanitária, que ofereciam assistência à saúde de forma independente ao povo afegão.

"O fracasso do governo afegão em investigar e processar os responsáveis pela morte dos nossos colegas revela que há uma impunidade para aqueles que assassinarem profissionais humanitários no Afeganistão”, disse Gorik Ooms. “Isto é uma ameaça aos afegãos que precisam receber assistência humanitária hoje e sempre”.

MSF apela ao governo do Afeganistão para que conduza uma investigação completa e de credibilidade sobre a morte dos profissionais humanitários e processe os responsáveis pelo crime. O governo deve demonstrar o seu comprometimento no combate à violência contra profissionais humanitários.

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