Que ações relacionadas ao clima MSF está tomando?

A organização está preocupada com o impacto das mudanças climáticas sobre a saúde das pessoas que já estão em vulnerabilidade ao redor do mundo

Foto: Solen Mourlon/MSF

Os impactos da emergência climática na saúde já são um problema para muitas pessoas ao redor do mundo. A menos que sejam tomadas medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os impactos serão catastróficos. MSF está preocupada com as consequências da emergência climática para a saúde humana. Como organização médico-humanitária, já estamos respondendo a situações agravadas por um clima em alteração, como o aumento de doenças infecciosas, secas e ciclones. Também estamos preocupados com o potencial das mudanças climáticas provocarem cada vez mais disputas sobre a água e outros recursos essenciais, além de exclusão social e crises migratórias, o que aumenta o risco de conflito.

MSF tem aplicado cada vez mais a lente da Saúde Planetária à nossa resposta humanitária, o que significa olhar para a forma como o meio-ambiente está afetando a saúde dos nossos pacientes, desde eventos climáticos extremos a impactos subsequentes, tais como deslocamentos, conflitos e insegurança alimentar. A Saúde Planetária é a saúde da civilização humana e o estado dos sistemas naturais dos quais ela depende. A nossa saúde depende do bem-estar do planeta, e o bem-estar do planeta depende de como agimos.

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O que MSF está fazendo para reduzir seu impacto ambiental?

Reconhecemos que, como uma grande organização internacional, temos um papel importante a desempenhar na redução de nosso impacto no clima. Estamos adaptando progressivamente a forma como trabalhamos para garantir que somos ambientalmente responsáveis e que nossas atividades não causem danos às pessoas que procuramos ajudar. Desenvolvemos um kit de ferramentas para medir e mitigar nossa pegada ecológica, incluindo emissões de carbono, gases de efeito estufa e outros elementos que contribuem para a degradação ambiental, para que possamos mudar nossas práticas.

Reduzindo nossa pegada de carbono: o centro operacional de MSF em Genebra, na Suíça, se comprometeu a reduzir as emissões em pelo menos 50% em comparação com os níveis de 2019 até 2030; com este objetivo, a organização pretende traçar uma trajetória sólida para a descarbonização. .

Evitando e reduzindo desperdícios: estamos trabalhando para garantir uma cadeia de suprimentos eficiente e socialmente responsável, a fim de reduzir, reutilizar e reciclar materiais e equipamentos médicos, como mosquiteiros, contêineres de transporte ou equipamentos de proteção individual. MSF lançou um projeto de abastecimento sustentável e montou ‘equipes verdes’ de voluntários em mais de 15 países, que estão conduzindo campanhas de mitigação em nível local, para aumentar a conscientização e reduzir a poluição por plástico. Um exemplo é Uganda, onde iniciamos um projeto para substituir os milhões de sacolas plásticas que usamos todos os anos para distribuir medicamentos por sacolas ecologicamente sustentáveis usando recursos locais feitos por comunidades locais. Estamos reduzindo o lixo hospitalar em nossos hospitais e clínicas, incluindo a exploração de opções para mudar as máscaras e luvas descartáveis de uso único para produtos reutilizáveis quando apropriado.

Adotando a energia solar: estamos desenvolvendo novas soluções de energia, como o uso de painéis solares para alimentar algumas de nossas atividades médicas, bem como abordagens inovadoras que respondem aos ambientes em que trabalhamos.

Reduzindo viagens aéreas não essenciais: estamos reduzindo nossas viagens internacionais, por exemplo, participando de reuniões ou workshops virtualmente, em vez de pessoalmente, e comprando suprimentos médicos mais perto dos locais onde trabalhamos. Essas mudanças também se aceleraram devido ao impacto da pandemia da COVID-19 sobre o transporte internacional e sobre as viagens de profissionais.

Foto: MSF/Tetiana Gaviuk

Como a crise climática irá mudar a forma como trabalhamos?

Vamos adaptar a forma como trabalhamos para garantir uma resposta mais oportuna, mais eficiente e mais adequada às crises de saúde pública impulsionadas pelo clima, acrescentando os efeitos das mudanças climáticas como gatilhos para a intervenção. Conforme as necessidades mudam, nossa ação médica também mudará. Compartilharemos nosso testemunho sobre os impactos e as injustiças relacionadas ao clima e intensificaremos nossas pesquisas e análises para informar nosso trabalho.

“As equipes de MSF são profissionais médico-humanitários, não cientistas climáticos – mas após anos testemunhando diretamente como a mudança climática agravou crises sanitárias e humanitárias em diversos contextos onde atuamos, precisamos falar sobre o que vemos”, disse Carol Devine, conselheira para assuntos humanitários e líder de inteligência climática de MSF.

Impacto sanitário e humanitário das mudanças climáticas

O relatório The Lancet Countdown sobre Saúde e Mudanças Climáticas é uma colaboração de mais de 120 importantes especialistas que reúne cientistas do clima, engenheiros, especialistas em energia, economistas, cientistas políticos, profissionais de saúde pública e médicos. A cada ano, suas descobertas são publicadas no Lancet, antes das convenções da ONU sobre mudanças climáticas. MSF tem contribuído com um informativo humanitário para o Lancet Countdown há vários anos. Em 2021, as equipes de MSF em todo o mundo e em várias disciplinas compartilham suas experiências sobre como a mudança climática pode estar agravando as crises humanitárias e de saúde e como elas se adaptaram ou planejam adaptar sua resposta.

Embora MSF não seja uma organização ambiental, reconhecemos cada vez mais que a saúde de nossos pacientes está intimamente ligada à saúde do meio-ambiente. Agora é a hora de agir, juntos! Esta emergência não pode esperar.

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