RCA: MSF trata vítimas da violência sexual em Bangui

No Hospital Geral de Bangui, MSF inaugurou, no início de julho de 2014, o serviço médico e psicológico para vítimas de violência sexual. Em pouco mais de um mês, a equipe atendeu 75 pacientes homens, mulheres e crianças.© Aurelie Baumel/MSF
F., de 20 anos, tem pesadelos frequentes, pensa muito e não tem mais interesse na vida depois do que passou. No dia 9 de janeiro, enquanto a cidade de Bouar, onde mora, era atacada, ela foi sequestrada por diversos homens armados depois de testemunhar, impotente, o assassinato de seu tio.© Aurelie Baumel/MSF
Ela havia sido espancada e estuprada por três dias, sem água ou alimentos, antes de ser deixada no meio da floresta. Então, ela finalmente caminhou até a cidade deserta de Bangui, onde mora sua mãe. Ela chegou na segunda-feira, dia 4 de agosto, após seis meses de uma jornada interminável, e descobriu que sua irmã havia vivenciado as mesmas situações, próximo da capital.© Aurelie Baumel/MSF
Após a consulta, MSF oferece duas sessões de acompanhamento: a primeira após uma semana e a segunda após quatro semanas. No início de agosto, dois pacientes concluíram seus tratamentos.© Aurelie Baumel/MSF
Sylvie Nadège, parteira de MSF, explica que “os pacientes são muito receptivos ao serviço proposto e assíduos às sessões de acompanhamento. No entanto, poucos deles buscam ajuda dentro de 72 horas após um ataque. A maioria dos pacientes que busca cuidados vivenciou um episódio de violência sexual poucas semanas ou até meses atrás”.© Aurelie Baumel/MSF
Para prevenir doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez, o paciente deve receber cuidados em até três dias após um ataque.© Aurelie Baumel/MSF
O trauma de um estupro é potencializado pelo medo de contrair uma infecção...© Aurelie Baumel/MSF
… ou pelo desespero de ter perdido tudo. “Eu era lojista. Os agressores roubaram o dinheiro que eu tinha. Hoje, é impossível para mim recomeçar meu negócio. E meu namorado me deixou quando soube que eu tinha sido estuprada”, conta C., de 48 anos.

Médicos Sem Fronteiras deu início, em julho, ao atendimento médico e psicológico de vítimas de violência sexual em Bangui, capital da República Centro-Africana. A brutalidade dessa crise deixou marcas profundas nas pessoas, como C.: “Os agressores roubaram o dinheiro que eu tinha. Hoje, é impossível para mim recomeçar meu negócio. E meu namorado me deixou quando soube que eu tinha sido estuprada”, conta.
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