RDC: após segundo profissional morto, MSF pede fim da violência contra civis em Masisi

Enfermeiro da organização teve sua casa invadida por homens armados e foi fatalmente ferido por dois tiros no peito

Laurence Hoenig/MSF
Laurence Hoenig/MSF

Um profissional de saúde de Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi morto a tiros em sua casa na cidade de Masisi, na província de Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC), por um atirador com uniforme militar, no último dia 18 de abril. Enfermeiro do Hospital Geral de Referência de Masisi, ele é o segundo integrante da equipe de MSF a ser morto na cidade de Masisi nos últimos dois meses e o terceiro a ser baleado fatalmente em Kivu do Norte este ano.

No início da noite de 18 de abril, dois homens armados vestidos com uniformes militares e portando fuzis atacaram e roubaram civis na cidade de Masisi. Os agressores invadiram a casa do enfermeiro de MSF para roubar os moradores. Durante o incidente, eles abriram fogo, ferindo fatalmente nosso colega com dois tiros no peito.

Nossas equipes não são apenas testemunhas, mas também vítimas de incidentes violentos que têm como alvo civis, profissionais humanitários e instalações médicas.”

Emmanuel Lampaert, representante de MSF na RDC

“Condenamos veementemente esse ato terrível, que custou a vida de nosso colega e que reflete a grave deterioração da situação de segurança que temos testemunhado em Kivu do Norte e do Sul desde o início do ano”, disse Emmanuel Lampaert, representante de MSF na RDC.

“Semana após semana, nossas equipes não são apenas testemunhas, mas também vítimas de incidentes violentos que têm como alvo civis, profissionais humanitários e instalações médicas. Isso deve parar imediatamente”, completa Lampaert.

Este ano, três profissionais de MSF foram mortos em Kivu do Norte

Desde o início de 2025, as equipes de MSF têm testemunhado incidentes violentos quase que diariamente – e, em várias ocasiões, têm sido as vítimas. Em quatro meses, três profissionais de MSF foram mortos a tiros em Kivu do Norte, seja no decorrer de seu trabalho ou como resultado da violência contra civis.

Em 20 de fevereiro, um operador de rádio de MSF em serviço em nossa base, no centro de Masisi, foi morto em um fogo cruzado entre combatentes do VDP/Wazalendo e do M23/AFC. Alguns dias depois, outro profissional de MSF foi morto a tiros no meio da noite em sua casa em Goma.

Nos últimos meses, outros colegas foram baleados e feridos, sendo que o mais recente deles está atualmente hospitalizado em Goma.

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“Mesmo em locais onde os confrontos armados cessaram, a insegurança está em toda parte”, explica Mathilde Guého, coordenadora de programas de MSF em Kivu do Norte.

“Além da violência armada que afeta diretamente nossos hospitais e bases, estamos testemunhando diariamente níveis persistentemente altos de criminalidade e repetidos incidentes violentos que afetam os civis, especialmente à noite: assassinatos, violência sexual, ferimentos a bala, extorsão, invasões de domicílio, intimidação e muito mais.”

MSF pede segurança para civis e profissionais

Em resposta a essa série de incidentes violentos, cerca de 15 dos quais afetaram diretamente as equipes de MSF, ambulâncias, escritórios e as instalações de saúde apoiadas desde janeiro, MSF está pedindo às autoridades competentes que responsabilizem os portadores de armas e tomem medidas imediatas para garantir a segurança de civis e trabalhadores humanitários, para combater o crime e pôr fim aos abusos que nossas equipes testemunham diariamente.

“Lembramos a todas as partes – M23/AFC, VDP/Wazalendo, FARDC – que a proteção de civis e de suas propriedades em zonas de conflito é uma obrigação legal”, destaca Lampaert. “Todas as autoridades relevantes devem agir com urgência para cumprir essa responsabilidade.”

Na RDC, cerca de 3 mil profissionais contratados localmente e internacionais trabalham diretamente para MSF, juntamente com a equipe do Ministério da Saúde, para oferecer cuidados médicos a pessoas em situação de vulnerabilidade em todo o país.

 

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