RDC: desnutrição e doença assolam acampamentos na região de Kalémie

Índice de desnutrição entre crianças com menos de 5 anos de idade chega a mais de 50% em um dos vilarejos onde MSF atua

RDC: desnutrição e doença assolam acampamentos na região de Kalémie

Genebra, 24 de maio de 2017 – Pessoas deslocadas que vivem em acampamentos próximo à cidade de Kalémie, na República Democrática do Congo (RDC) estão com acesso limitado a cuidados de saúde e enfrentam escassez alarmante de alimento, água e abrigo, afirmou a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) hoje. Dez meses depois de serem forçadas a sair de suas casas devido ao conflito entre comunidades, essas pessoas continuam vivendo em condições desesperadoras, e têm necessidades imediatas de assistência humanitária.

Na província de Tanganyika, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente meio milhão de pessoas foram deslocadas entre julho de 2016 e março de 2017 em decorrência da violência. Mais de 44 mil pessoas estão vivendo em acampamentos na região da cidade de Kalémie. Em abril, durante uma campanha de vacinação contra o sarampo, MSF avaliou casos de desnutrição em 5.700 crianças com menos de 5 anos de idade nesses locais. O exame revelou que os níveis de desnutrição estão acima do limite de emergência: 16% delas estavam desnutridas, e 4,5% com desnutrição grave.

“As crianças estão morrendo de desnutrição e doenças evitáveis, como diarreia e sarampo”, diz Hugues Robert, coordenador de programa de emergências de MSF. “As pessoas estão aqui há quase um ano, mas a taxa de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos é algo que só esperaríamos ver na fase aguda de uma emergência”.

Desde março, equipes de MSF estão oferecendo assistência de emergência a pessoas deslocadas nos territórios de Kalémia e Kansimba por meio de campanhas de vacinação, clínicas móveis, distribuição de água e construção de latrinas e duchas em alguns assentamentos. Uma equipe de MSF também está oferecendo cuidados médicos a um grupo de aproximadamente 1.500 pessoas deslocadas no vilarejo de Moke, onde uma avaliação de desnutrição revelou a gravidade da situação. O exame mostrou que 51% das crianças com menos de 5 anos de idade estavam desnutridas, e 23% com desnutrição grave. MSF instalou uma clínica móvel e distribuiu alimento. Há duas semanas, essas pessoas foram forçadas a sair do vilarejo em que viviam quando os residentes originais retornaram, e sem qualquer alternativa elas tiveram que se instalar no meio da floresta, em uma área de difícil acesso. Até que esses deslocados possam voltar com segurança para seus lares, eles devem receber assistência e proteção.

MSF faz um apelo para que as agências da ONU e o governo congolês melhorem a resposta humanitária
nos territórios de Kalémie e Kansimba, na província de Tanganyika. As condições nos assentamentos devem ser urgentemente melhoradas, e os cuidados de saúde devem estar ao alcance fácil da população. Além disso, uma assistência nutricional deve ser oferecida às famílias e à comunidade anfitriã, e os que correm risco de sofrer violência devem receber proteção. A assistência foi mobilizada e há mais ações em planejamento, mas, no momento, isso é lamentavelmente insuficiente.

MSF trabalha na República Democrática do Congo desde 1981. Desde abril de 2017, equipes da organização na província de Tanganyika vêm realizando uma campanha de vacinação contra o sarampo e avaliando os altos níveis de desnutrição das pessoas que foram deslocadas de suas casas e dos membros das comunidades anfitriã.
 

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