RDC: retomada dos confrontos nos arredores de Goma afeta civis

Médicos Sem Fronteiras suspende atividades nos campos de deslocados internos de Mugunga III e Bulengo devido à violência

Confrontos fortemente armados entre o exército congolês – as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) – e o grupo rebelde M23 a oeste da capital Goma foram retomados ontem. Muitas das pessoas que já haviam deixado suas casas na ocasião das ondas de violência anteriores encontram-se, atualmente, em meio a bombardeios e tiros.

“Os acampamentos de Mugunga, Lac Vert e Buhimba estão localizados na estrada entre Goma e Sake, e estão em meio a bombardeios há dois dias”, afirma Thierry Goffeau, coordenador geral de MSF no Kivu do Norte. “A estrada que liga Goma e Sake está estrategicamente localizada, mas os confrontos, a essa proximidade das casas, estão colocando em risco a vida de milhares de pessoas vulneráveis.”

Seis bombas caíram na região dos acampamentos de Mugunga na terça-feira, ferindo pelo menos quatro pessoas. Uma equipe de MSF conseguiu transferir os feridos para o hospital mais próximo com o suporte do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). As cidades da região foram afetadas pelo uso de artilharia pesada e diversas pessoas ficaram feridas. O distrito de Ndosho, próximo a Goma, foi alvo de um bombardeio que causou a morte de pelo menos três pessoas e feriu mais de uma dúzia.

Desde o começo dos tiroteios, os habitantes do campo de Mugunga III fugiram para outros acampamentos próximos dali, mais para o interior da cidade de Goma, em busca de segurança. “Um quarto do acampamento está vazio. As pessoas continuam fugindo, com medo de ficarem encurraladas. Aqueles que ficaram estão desesperados, sem saber para onde ir ou como reagir. As pessoas estão em pânico”, conta Thierry Goffeau.

O confronto ativo e o posicionamento dos combatentes em região tão próxima ao acampamento levou MSF a suspender atividades nos campos de Mugunga e Bulengo. A equipe está analisando a movimentação da população e está pronta para intervir, se necessário.

Em novembro de 2012, o M23 lançou a primeira ofensiva sobre as cidades de Goma e Sake, causando a fuga da população em busca de refúgio nos acampamentos a oeste de Goma. A queda de Goma se deu dez dias depois e as negociações com o governo de Joseph Kabila tiveram início.

Os novos confrontos entre as FARDC e o M23 antecedem a visita do Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, ao país e o estabelecimento de uma brigada especial de intervenção da ONU, que, pela primeira vez, tem mandato para desenvolver ofensivas contra grupos rebeldes no leste da RDC.

Diante disso, MSF pede a todos os envolvidos nos confrontos que se abstenham do uso de força nos arredores dos acampamentos de deslocados internos e em outras regiões habitadas por civis.
 
MSF oferece cuidados de saúde primária e secundária na província de Kivu do Norte, atuando em centros de saúde e por meio de clínicas móveis. A organização também presta suporte a hospitais de referência em Mweso, Pinga, Masisi, Rutshuru, Walikale e Kitchanga.

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