República Democrática do Congo: Combatendo uma epidemia de sarampo em Katanga

No final de janeiro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo lançaram uma campanha de vacinação contra o sarampo na província de Katanga. Para tentar impedir que a epidemia se espalhe, as equipes precisam vac

As equipes de MSF que estão trabalhando com o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo mal tinham concluído uma campanha de vacinação no distrito de Likasi, quando tiveram de partir para Lubumbashi, capital da província de Katanga. No dia 4 de fevereiro, elas se dirigiram a diversas áreas para começar a vacinar cerca de 920 mil crianças, entre 6 meses e 15 anos de idade, contra o sarampo. A doença pode ser fatal para crianças, e a vacina é, até hoje, a única forma de prevenção.

“A epidemia começou a aparecer em vários lugares diferentes”, disse o Dr. Northan Hurtado, médico de MSF. “No começo do surto, em meados de outubro, áreas rurais eram as mais afetadas. Depois, as incidências começaram a aumentar nas áreas urbanas.” Na metade de janeiro, com a expansão da epidemia, 3.885 crianças no distrito de Likasi já tinham contraído sarampo. Desse total, 31 morreram. Lubumbashi foi menos afetada, com 791 crianças doentes. Foi necessário começar a vacinação rapidamente, para tentar impedir que a epidemia se espalhe.

Organizar uma campanha de vacinação desse porte não é simples. A estratégia foi desenvolvida em conjunto com as autoridades nacionais e instituições parceiras, como a Organização Mundial da Saúde, apesar das diferentes formas de atuação de cada uma.

As autoridades de saúde queriam organizar um grande número de pequenas equipes, de cinco pessoas, que seriam formadas para campanhas de monitoramento e atualização das informações. No entanto, MSF sugeriu que fossem formadas menos equipes, com mais membros – 12 pessoas – para responder à urgência da epidemia. “Nossa estratégia é baseada em uma atuação de qualidade”, explicou o Dr. Hurtado. “Implantando menos equipes, podemos supervisionar de modo mais eficiente a qualidade do trabalho – administrando a vacina, por exemplo – e controlando a cadeia de frio, fundamental para a preservação da vacina”. Afinal, chegou-se a um consenso, e quando os problemas sobre o abastecimento e a distribuição das vacinas foram resolvidos, a campanha pôde começar em Likasi. Entre 25 e 31 de janeiro, o Ministério da Saúde do Congo e MSF vacinaram 190.733 crianças.  Um esforço que exigiu a mobilização de um número significativo de pessoas: 44 equipes foram montadas no distrito de Likasi.

Logística – Em termos logísticos, a manutenção da cadeia de frio fé essencial para preservar a vacina. A vacina contra o sarampo é armazenada liofilizada (desidratada, congelada bruscamente e submetida à alta pressão em vácuo) e transportada em refrigeradores, junto com o solvente necessário para sua preparação. As equipes usam veículos equipados com grandes refrigeradores que comportam 2.500 doses de vacina e a quantidade equivalente de solvente. Quando chegam aos locais, elas arrumam equipamentos, mesas, cadeiras e transportadoras de vacinas, que são pequenos refrigeradores que carregam a vacina reconstituída com o solvente.

Uma fila é organizada para impedir a aglomeração de multidões, mas muitas mães já se encontram no local com seus filhos quando a vacinação começa. São mulheres que ouviram os anúncios da vacinação em alto-falantes ou rádios, instruindo-as a levarem as crianças.

Em apenas um dia, uma equipe chega a vacinar uma média de 1.200 a 1.300 crianças em Lubumbashi, uma área urbana. A campanha deve durar dez dias. Durante este tempo, uma equipe de duas pessoas, composta por um especialista de logística e um enfermeiro coordenará as operações, pronta para agir caso haja algum problema.
 
Este tipo de organização já foi utilizado em outras campanhas de MSF, em diversos países. Antes da vacinação, equipes médicas recebem um treinamento sobre a condução da campanha. A última fase é uma pesquisa sobre o alcance da vacinação, para identificar quaisquer áreas de risco remanescentes, nas quais as pessoas não foram vacinadas. Se esses lugares forem identificados, uma equipe administrará mais vacinas na área, uma vez que a meta é inocular no mínimo 90% das crianças, e impedir a expansão do vírus. O objetivo foi alcançado no distrito de Likasi, onde a porcentagem de crianças vacinadas chegou a 99%.

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