Seis histórias de pacientes pediátricos atendidos por MSF

Nas crises humanitárias em que a organização atua, as crianças são um dos grupos mais vulneráveis.

Foto: Vincenzo Livieri/MSF

Apesar dos progressos globais na redução da mortalidade infantil nos últimos anos, os cuidados pediátricos continuam sendo uma preocupação urgente. Em todo o mundo, equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão trabalhando para garantir que as crianças recebam os melhores cuidados de saúde possíveis. Desnutrição, tuberculose, talassemia, malária, pneumonia e doenças crônicas, como o diabetes, são algumas das condições que pacientes pediátricos apresentam em nossos projetos.

Conheça um pouco a história de alguns desses pacientes, seus desafios e o impacto dos programas de MSF na melhoria de suas condições de saúde. Confira:

Nyayesh, no Afeganistão

Foto: MSF

Nyayesh foi internada no Hospital Regional de Herat, no Afeganistão, devido à pneumonia e à desnutrição. A bebê, de apenas oito meses de vida na época, tinha sérias dificuldades respiratórias e sua circulação e seu coração estavam extremamente fracos. Para tratar a condição da bebê, a equipe de MSF administrou infusão de adrenalina em Nyayesh, que também recebeu oxigênio e fluidos, bem como doses elevadas de antibióticos para combater a infecção. Após alguns dias em coma, ela finalmente acordou e seu progresso deu esperança à equipe médica.

No Afeganistão, é difícil obter tratamento para a condição de Nyayesh. Porém, com os cuidados oferecidos à menina, a equipe permaneceu confiante. “O alimento terapêutico fortalece Nyayesh e seu sistema imunológico. Agora, seu corpo pode lidar melhor com as infecções. Houve um momento em que fui vê-la pela manhã quando fazia meu turno, ela se sentou no colo de sua mãe e riu para mim. Foi então que eu percebi que ela tinha superado o pior”, contou Solveig Köbe, enfermeira de MSF.

Paul, na Libéria

Foto: Tim Pont/MSF

Em nosso hospital infantil de Monróvia, na Libéria, cuidamos de crianças gravemente doentes durante todo o ano. Muitos pacientes sofrem de malária e, alguns deles, como Paul B. Morris, enfrentam complicações da doença que colocam suas vidas em sério risco. Paul chegou ao hospital em um estado crítico e, após ter seu diagnóstico confirmado, foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI). Além de malária, o menino estava com anemia e permanecia inconsciente.

Aos poucos, suas convulsões começaram a diminuir. Após quatro dias apenas na UTI, os anticonvulsivantes haviam acabado de fazer efeito, e ele já estava muito mais calmo. “A recuperação dele foi incrível. Toda a equipe estava eufórica”, conta George Tengbeh, assistente médico da equipe que cuidou de Paul. Em pouco tempo, ele teve alta e pôde ir para casa.

Leia a história completa de Paul aqui.

Abbas e Yousef, no Líbano

Foto: Mohammad Ghannam/MSF

Abbas foi diagnosticado com talassemia* quando tinha seis meses de vida. Seu irmão mais velho, Yousef, também herdou a condição. A família dos meninos fugiu da violência na região síria de Aleppo para o Líbano. Primeiro, viajaram para Beirute e, depois, em 2016, para Zahleh, onde fica o Hospital Governamental Elias Hraoui. Em abril de 2018, MSF começou a fornecer tratamento abrangente para a talassemia como parte do seu programa pediátrico nessa instalação de saúde.

Devido aos altos custos para o tratamento médico da doença no Líbano, eles estavam prestes a desistir e voltar à Síria quando tomaram conhecimento do programa de MSF. “Aqui no hospital, meus meninos recebem as transfusões [de sangue] e os medicamentos de que precisam”, diz Ammouna, mãe de Abbas e Yousef.

Susanne, em Serra Leoa

Foto: Vincenzo Livieri/MSF

A malária tem efeitos devastadores nas crianças porque as torna extremamente fracas e, por consequência, vulneráveis a outras doenças, como a pneumonia. Esse foi o caso de Susanne, que chegou ao hospital de MSF em Kenema, Serra Leoa, com sua mãe, Aisatu, da cidade de Bo, a 60km de distância.

Na triagem, a equipe compreendeu que se tratava de uma situação bastante grave e encaminhou a paciente para a sala de emergência e para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com dificuldades para respirar, febre e tosse, a bebê foi diagnosticada com malária e pneumonia. No centro médico, ela foi tratada com injeções de antibiótico, respondeu bem e, após dois dias, foi transferida à unidade pediátrica do hospital para continuar o seu tratamento.

Habiba, no Quênia

Foto: Paul Odongo/MSF

Em 2017, Habiba chegou ao acampamento de Dagahaley, no Quênia, com sua família. Seu pai, Dahir Rage, havia se alistado para a repatriação à Somália, mas mudou seus planos após ela ter sido diagnosticada com diabetes. “Escolhi ir para o acampamento de Dagahaley porque aqui tenho alguns parentes que me disseram que MSF oferecia bons serviços para pessoas com condições semelhantes às dela”, afirma Dahir.

Antes de ser diagnosticada com diabetes, Habiba ficava doente com frequência e perdia muito peso. Ela ficou internada por duas semanas e passou a injetar insulina duas vezes ao dia. Habiba foi orientada pelas equipes de MSF sobre como administrar o medicamento por conta própria e leva sua insulina para casa, armazenando-a em um refrigerador portátil.

Vaishnavi, na Índia

Foto: Prem Hessenkamp

Desde 2020, Vaishnavi é uma paciente de MSF com tuberculose resistente a medicamentos extrapulmonar em Mumbai, na Índia. É de se perguntar o que poderia ter infectado uma menina tão nova, que fica em casa a maior parte do tempo e não possui histórico familiar da doença. No entanto, há dois anos, ela passou a ter febres frequentes e seu apetite diminuiu significativamente.

Vaishnavi foi a várias instalações públicas e privadas onde os medicamentos injetáveis fornecidos eram dolorosos. Felizmente, agora ela realiza um tratamento oral. Com MSF, a menina recebe prescrição de Bedaquilina e Delamanid em doses apropriadas de acordo com o seu peso, e sua terapia mostrou efeitos positivos em pouco tempo.

Leia a história de Vashnavi aqui.

* A talassemia é uma doença hereditária causada por uma alteração nos genes necessários para sintetizar a hemoglobina, a molécula responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.

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