Semana da Mulher MSF: violência sexual, um compromisso de longo prazo

Médicos Sem Fronteiras administra o Centro de Apoio à Família em Tari, na Papua Nova Guiné, que oferece suporte médico e psicológico integrado para mulheres, crianças e homens que sofrem violência familiar e sexual. De 2009 até o meio de 2014, MSF tratou mais de 5 mil pacientes nesse projeto. Quando eles chegam ao local, uma enfermeira os atende e decide se precisam de cirurgia ou de cuidados médicos imediatos, ou se devem receber apoio psicológico antes.
“O aconselhamento é algo novo para as pessoas em Tari”, diz Leonie, do lado direito da foto, um conselheiro de MSF na Papua Nova Guiné. “Depois que eu aconselho os pacientes e ofereço ferramentas que podem ajudá-los a lidar com a situação, eles sempre apreciam o serviço. Às vezes, depois que uma mulher me conta seus problemas na sala de aconselhamento e vai embora, eu choro. Principalmente mulheres que estão sobrecarregadas com tantas dificuldades.”
“Nós vamos ao mercado local e a vilarejos dos arredores da região todas as sextas-feiras para explicar o que é MSF, o que fazemos, e quais serviços oferecemos”, diz o Dr. Marlieke de Fouw. “Dizemos às pessoas que, se elas sofreram violência sexual, devem tentar vir ao Centro de Apoio à Família no prazo de 72 horas para receber tratamento médico completo.” As vítimas que buscam ajuda após esse prazo recebem apoio psicológico.
“Algumas são tristes e lutam para sobreviver. Mas, em geral, as mulheres de Tari são muito fortes”, diz Leonie, conselheira de MSF.
“Meu marido arranjou outra esposa”, diz Marilyn, a paciente da foto. “Ele havia me dito há algum tempo que iria construir uma casa para mim. Eu vi que ele tinha comprado madeira e cobre para o telhado de uma casa nova para ela. Eu perguntei a ele ‘por que?’, e ele disse ‘não reclame’, e me bateu. Me chutou na boca, me acertou. Quando ele estava me batendo, a esposa chegou e me atingiu na cabeça com uma pedra. Não foi a primeira vez que eles me bateram.”
Marlin, de 22 anos, volta ao Centro de Apoio à Família de MSF em Tari, onde ela está recebendo tratamento médico e atendimento psicológico. Marlin foi atacada por seu marido, quando tentou defender o seu filho, após o pai chegar em casa no meio da madrugada e tentar acordar o bebê. O marido então começou a dar socos nela, e quando ela tentou sair para buscar ajuda, ele pegou uma machete e começou a cortar seu pescoço. Marlin tentou se defender, e o homem também feriu seus braços e pernas.

Assim como em países desenvolvidos, a violência familiar e sexual é um problema latente nos contextos em que Médicos Sem Fronteiras atua. Só em 2013, a organização tratou mais de 11 mil vítimas em 34 países, sendo 95% delas mulheres e meninas. No entanto, o estigma ainda impede muitas delas de buscar tratamento. Confira a galeria com fotos do Centro de Apoio à Família de MSF em Tari, na Papua Nova Guiné, que oferece cuidados médicos e psicológicos às vítimas. (Fotos: Kate Geraghty)
Compartilhar

Relacionados

Como ajudar