Sete impactos da emergência climática

As consequências da crise climática na saúde já são uma realidade para muitas pessoas no mundo, incluindo nossos pacientes.

Inundações no acampamento de refugiados de Cox's Bazar, em Bangladesh. © Salma Khan/MSF

Os impactos das mudanças climáticas – inclusive na saúde – já são uma realidade para muitas pessoas no mundo. Nossas equipes atuam em ambientes muito vulneráveis ao clima e observam as graves consequências da emergência climática em populações que já vivem em condições precárias devido a conflitos, deslocamentos, crises políticas e econômicas e falta de recursos.

Durante o ano de 2022, por exemplo, Médicos Sem Fronteiras (MSF) prestou assistência a pessoas impactadas por eventos climáticos extremos, como no Sudão do Sul e na África do Sul, seca na Somália e ciclones em Madagascar e nas Filipinas. Também atuamos em resposta a impactos de secas no Chade e em Kiribati, além de ter atendido populações atingidas por inundações severas no Paquistão.

A seguir, listamos sete impactos da emergência climática que estamos observando em nossos projetos.

 

 

  1. Doenças do calor

A elevação das temperaturas causa o aumento de doenças relacionadas ao calor, como estresse térmico e insolação. O maior risco é para os mais jovens, as pessoas em idades avançadas e indivíduos com condições crônicas – como doenças cardíacas, pulmonares e renais. Isso é preocupante, pois as doenças cardíacas são a causa número um de mortes em todo o mundo .

Sabina Ereng com o filho, Namwa Ekunoit, em seu Atabo, um “quarto” aberto onde a família dorme para aliviar as altas temperaturas à noite em Lopur, no Quênia. © Lucy Makori/MSF

 

  1. Doenças transmitidas pela água

Quando eventos climáticos extremos, como ciclones e inundações, ocorrem, doenças graves como cólera, hepatite E e outras enfermidades – podem se espalhar pela água. Além disso, o aumento da temperatura do ar, das fontes de água doce e dos oceanos cria um habitat melhor para os patógenos que provocam as doenças diarreicas – uma das causas mais importantes de morte em crianças em todo o mundo.

Água estagnada das inundações no acampamento de pessoas deslocadas internamente em Bentiu, no Sudão do Sul. © Njiiri Karago/MSF

 

  1. Refugiados climáticos

A perda de meios de subsistência ocasionada por mudanças climáticas ou eventos climáticos extremos está forçando as pessoas a fugir. Muitas vezes, famílias inteiras não têm escolha a não ser deixar suas casas após longos períodos de secas, inundações, ciclones ou outras situações que têm se tornado cada vez mais frequentes devido à crise climática.

 

 

  1. Desnutrição

Quando há pouca água, não é possível cultivar e produzir alimentos. As secas aumentam a insegurança alimentar e a desnutrição. Por outro lado, o excesso de água pode gerar pragas e doenças que prejudicam as colheitas. O aumento do nível do mar, ao trazer água salgada para as áreas costeiras, torna a agricultura impossível. Tudo isso afeta os sistemas de produção de alimentos e pode causar ou agravar a desnutrição, mesmo em lugares onde antes não havia.

Mulheres buscam água em um dos poços ao longo do leito seco de um rio em Illeret, no Quênia. © Lucy Makori/MSF
  1. Doenças transmitidas por vetores

Quando o clima se torna mais quente e os padrões de chuva mudam, insetos – como por exemplo os mosquitos que transmitem doenças como malária e chikungunya – se reproduzem mais rapidamente e sobrevivem em lugares onde não sobreviviam antes, expondo mais pessoas a essas doenças potencialmente mortais.

Estratégia inovadora abordada por MSF para combater a dengue em Honduras, onde respondemos a surtos da doença desde 1998. Esses surtos estão se tornando cada vez mais graves, com mais de 10 mil casos de dengue registrados a cada ano. © Martín Cálix/MSF

 

  1. Poluição do ar

Os efeitos combinados da poluição estão associados a 6,7 milhões d e mortes prematuras por ano. Incêndios florestais, por exemplo, produzem uma variedade de poluentes atmosféricos prejudiciais conhecidos por causar câncer e aumentar o risco de ataque cardíaco ou derrame.

Incêndio no acampamento de Moria, na Grécia, em setembro de 2020. © Enri CANAJ/Magnum

 

  1. Justiça climática

A crise climática é uma ameaça à saúde humana. Mas nem todas as pessoas são afetadas igualmente. Como muitas vezes acontece, as pessoas que menos contribuem para a crise climática são as que sofrem as maiores consequências. Eles pagam com sua saúde e, em alguns casos, com suas vidas. Portanto, é necessário apelar às autoridades competentes para que ofereçam um maior apoio às pessoas em necessidade.

 

Por uma justiça climática sem fronteiras. A hora de agir é agora!

 

 

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