Situação piora no leste do Chade

Com a saída das organizações internacionais do país, MSF está preocupada com as pessoas que precisam de assistência

Nas últimas semanas, confrontos entre o Exército do governo e os rebeldes do Chade aumentaram, comprometendo a resposta humanitária no leste do Chade. Em uma região onde tanto refugiados como parte da população residente depende de ajuda humanitária externa, essa última onda de violência pode ter um impacto imprevisível na vida de milhares de pessoas. A primeira conseqüência dos combates do fim de semana ocorridos na região de Biltine é que os atores humanitários começaram a retirar suas equipes da área.

"O nível de segurança está se tornando cada vez pior e os confrontos mais recentes em Guereda fizeram com que algumas organizações humanitárias tirassem sua equipe da área", contou Duccio Staderini, chefe de missão de Médicos Sem Fronteiras no Chade. "Nós estamos preocupados com a redução de presença humanitária, a situação só vai piorar para a população residente, os deslocados e todos os refugiados que dependem da assistência oferecida pelas organizações humanitárias".

A insegurança tornou o transporte por terra extremamente perigoso e veículos de ONGs têm sido saqueados, forçando as organizações a repensarem suas atividades. Nos últimos dois meses, equipes de MSF não conseguiram chegar a Tine, uma cidade na fronteira entre o Chade e o Sudão, onde administravam um centro de saúde. Hoje, a capacidade está reduzida, mas a estrutura ainda está funcionado graças ao trabalho da equipe de Ministério de Saúde do Chade.

“Em Iriba, a situação fica mais tensa a cada dia. Pessoas estão preocupadas porque existem rumores de que grupos militares e rebeldes estão entrando na região e porque as organizações humanitárias estão suspendendo suas atividades e retirando suas equipes. As pessoas têm medo de ser abandonadas e perder o apoio vital que recebem das organizações não-governamentais", conta Gael Hankenne, coordenador de MSF em Iriba.

Em Iriba, uma equipe formada por 11 funcionários internacionais, cerca de cem chadianos e 200 sudaneses continuam a oferecer assistência para refugiados do Sudão e para a população do Chade. Nos campos de refugiados de Touloum e Iridimi, onde cerca de 36 mil pessoas vivem, MSF realiza cinco mil consultas por mês. No hospital de Iriba, que realiza mil consultas por mês, MSF aumentou sua capacidade cirúrgica recentemente através do envio de mais um cirurgião para trabalhar no local. Desde setembro, mais de 120 feridos de guerra foram atendidos no hospital.

"Nós não sabemos se e por quanto tempo conseguiremos manter nossos diferentes projetos. Hoje, oferecemos assistência médica de graça para dezenas de milhares de pessoas sem discriminação política ou religiosa. Nós esperamos poder continuar a fazê-lo e que todos os diferentes atores envolvidos no conflito respeitem o trabalho feito pelas organizações humanitárias para ajudar aos que precisam", conclui Staderini.

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