Sri Lanka: Equipe cirúrgica de MSF está sobrecarregada

Desde maio, os profissionais têm atendido pacientes provenientes da zona de guerra em diversos pontos do distrito de Vavuniya.

Entre os dias 16 e 20 de maio, cerca de 77 mil pessoas deixaram a antiga zona de conflito no norte do Sri Lanka e buscaram refúgio no distrito de Vavuniya. Muitas delas com necessidades médicas urgentes.

As equipes de MSF têm oferecido serviços médicos noite e dia em diversos locais no distrito, desde o posto de controle perto da antiga linha de frente até no hospital da cidade de Vavuniya.

Desde o dia 16 de maio, cerca de 100 mil pessoas por dia passaram pelo posto de controle de Omanthai, perto da antiga linha de frente, antes de chegar a Vavuniya. Uma equipe de MSF formada por quatro pessoas conseguiu chegar até Omanthai para identificar os feridos e doentes que precisam ser transferidos para o hospital, estabilizar pacientes para transferência e oferecer o máximo de cuidados médicos possíveis.

No dia 20 de maio, o cirurgião Jean-Paul Dixmeras chegou em Omanthai, onde tratou uma adolescente de 13 anos que tinha um pedaço de projétil cravado no pescoço. "Nós tentamos tratar o máximo de pessoas possível no próprio local porque o hospital está abarrotado", explica Alexa ter Horst, uma médica holandesa que está em Omanthai. “É sempre uma decisão difícil a se tomar: tratar no local ou deixar os deslocados internos irem para os acampamentos, onde serão acompanhados, ou enviá-los para o hospital, onde há quatro pacientes para cada leito".

Uma média de 20 feridos por dia são transferidos para o hospital, enquanto cerca de 150 pacientes por dia são tratados pela equipe de três pessoas na clínica em Omanthai. "Um de nós examina as longas filas de pessoas e envia os que mais precisam de atendimento para a clínica", conta a médica . “A grande maioria, entre as últimas pessoas que vieram da zona de conflito, apresenta feridas ou cicatrizes causadas por tiros ou bombardeios. Muitas foram submetidas a procedimentos cirúrgicos na zona de conflito. Alguns ferimentos são antigos e já estão curados, mas outros ainda sangram seja porque o ferimento é recente ou porque foi reaberto.

Na sala de emergência do Hospital Vavuniya, locomover-se é difícil uma vez que há pessoas por toda parte. O hospital tem 400 leitos, no entanto mais de 1,9 mil pacientes estão amontoados no hospital. Equipes de MSF estão oferecendo apoio aos funcionários do Ministério da Saúde no tratamento de feridos e doentes.

"Eu tenho feito cerca de 30 procedimentos cirúrgicos por dia ", contou Matthew Deeter, um dos quatro cirurgiões de MSF que trabalham no Hospital Vavuniya. “Normalmente, eu só faria cinco. Às vezes trabalhamos juntos no mesmo paciente. Um está amputando uma perna e o outro o braço. Ou um está tratando os ferimentos do pé e os outros do peito. A maioria dos ferimentos é pouco grave, mas vemos muitos deles em um mesmo paciente – cerca de 20 feridas em uma única pessoa, causada por uma explosão de bomba".

A prioridade imediata para MSF é tratar os doentes e feridos que saem da zona de conflito. Além de oferecer ajuda ao hospital Vavuniya, as equipes implementaram um serviço de atendimento pós-cirúrgico no Hospital Pompaimadhu Ayurvedic para ajudar o acompanhamento dos pacientes. MSF também montou um hospital de campo de cem leitos, com capacidade cirúrgica, fora de Manik Farm para oferecer tratamento de emergência para pacientes dos acampamentos vizinhos, que abrigam cerca de 160 mil pessoas.

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