Sudão: invasão armada a hospital força MSF a suspender atividades

Soldados das Forças de Apoio Rápido invadiram o Hospital Sul, em El Fasher, abriram fogo e saquearam a instalação.

© Dalila Mahdawi/MSF

No sábado, 8 de junho, Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Ministério da Saúde do Sudão suspenderam todas as atividades no Hospital Sul, em El Fasher, no estado de Darfur do Norte. Soldados das Forças de Apoio Rápido invadiram a instalação, abriram fogo e saquearam a unidade de saúde, incluindo o roubo de uma ambulância de MSF.

No momento da invasão, havia 10 pacientes e uma equipe médica reduzida no hospital, já que os profissionais de MSF e do Ministério da Saúde haviam começado a transferir pacientes e serviços médicos para outras instalações no início da semana passada, devido à intensificação dos conflitos.

A maioria dos pacientes e a equipe médica restante, incluindo todos os profissionais de MSF, conseguiram fugir do tiroteio das Forças de Apoio Rápido. Devido ao caos, nossa equipe não conseguiu verificar se havia pessoas mortas ou feridas pelos disparos.

“É inaceitável que as Forças de Apoio Rápido tenham aberto fogo dentro do hospital. Este não é um incidente isolado – por semanas, profissionais e pacientes têm sofrido ataques contra as instalações de todos os lados, mas abrir fogo dentro de um hospital ultrapassa os limites”, relata Michel Lacharite, coordenador-geral de emergências de MSF.

As partes em conflito devem parar de atacar hospitais. Um por um, os hospitais são danificados e fechados. As instalações restantes em El Fasher não estão preparadas para um fluxo de vítimas em massa, estamos tentando encontrar soluções, mas a responsabilidade de poupar instalações médicas recai sobre as partes em conflito”, enfatiza Michel Lacharite.

De 25 de maio a 3 de junho, morteiros e balas atingiram diretamente o Hospital Sul três vezes, matando dois e ferindo 14 pacientes e cuidadores.

O Hospital Sul era o principal hospital de referência para o tratamento de feridos de guerra em El Fasher, o único equipado para lidar com fluxos de vítimas em massa e um dos dois hospitais com capacidade cirúrgica. Entre 10 de maio e 6 de junho, mais de 1.300 pessoas feridas procuraram tratamento no hospital.

Os feridos estão agora sendo transferidos para outras instalações que não estavam preparadas para lidar com tal fluxo, como o Hospital Pediátrico e o Hospital Saudita. MSF continua trabalhando em Zamzam em resposta à crise nutricional e ajudando a organizar a transferência de serviços do Hospital do Sul para outras instalações.

Compartilhar