Surto de cólera no Sudão: mais de 2.700 pacientes recebem tratamento com apoio de MSF

No Nilo Branco, organização envia medicamentos, kits de tratamento, camas e tendas, além de água potável; 92 pacientes morreram

Equipe médica de MSF trabalha no Centro de Tratamento de Cólera em Kosti, no estado no Nilo Branco. Sudão, 5 de março de 2025. ©Mohamed Najib/MSF

Desde 20 de fevereiro, quando o último surto de cólera começou no estado do Nilo Branco, no Sudão, até 5 de março, 2.718 casos foram admitidos no Centro de Tratamento de Cólera (CTC) do Ministério da Saúde local, no Hospital Universitário de Kosti, apoiado por Médicos Sem Fronteiras (MSF). Infelizmente, 92 desses pacientes morreram.

A equipe de MSF trabalhou lado a lado com a equipe do Ministério da Saúde que fornece cuidados no Hospital Universitário de Kosti e com a equipe médica do Hospital Rabak no gerenciamento de casos, apoiando com treinamento e supervisão no local de trabalho.

As partes em conflito devem (…) garantir que os civis e a infraestrutura crítica sejam protegidos.”

– Marta Cazorla, coordenadora de emergência de MSF para o Sudão

Além disso, MSF mobilizou apoio logístico de Porto Sudão, Kassala e Kosti, fornecendo 14 toneladas de itens médicos, como medicamentos e kits de tratamento, além de mais de 25 toneladas de itens logísticos, como camas e tendas, para ajudar na resposta e ampliar o tamanho do CTC, em Kosti.  A organização ainda forneceu ao CTC abastecimento e armazenamento de água potável, cloração e controle de infecção.

Leia também:

 

Como o conflito influenciou no surto de cólera

A onda de cólera, uma doença transmitida pela água, foi desencadeada por uma queda de energia em massa depois que a usina de Rabak foi atingida por um projétil das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), em 16 de fevereiro, segundo relatos.

Isso fez com que a comunidade dependesse principalmente da água adquirida em carroças, depois que as bombas de água pararam de funcionar.

“Ataques a infraestruturas críticas têm efeitos prejudiciais a longo prazo sobre a saúde de comunidades em situação de vulnerabilidade. As partes em conflito devem aderir às regras da guerra e garantir que os civis e a infraestrutura crítica sejam protegidos”, afirma Marta Cazorla, coordenadora de emergência de MSF para o Sudão.

O pico do surto ocorreu entre 20 e 24 de fevereiro. Pacientes e familiares chegavam ao Hospital Universitário de Kosti em estado de pânico. O intenso fluxo de casos fez com que os pacientes, a maioria gravemente desidratada, tivessem que ser tratados no chão, já que o hospital e o Centro de Tratamento de Cólera (CTC) ficaram sem espaço.

Para controlar a situação, o Ministério da Saúde do Nilo Branco coordenou a resposta ao surto a nível comunitário, fornecendo acesso a água potável para comunidade, proibindo carroças que vendem água e aumentando a conscientização por meio da promoção da saúde. Foi feita também uma campanha de vacinação contra cólera durante a semana do surto.

 

Compartilhar