Ucrânia: Corredores temporários não são suficientes – passagem segura e acesso humanitário têm de ser direitos, não privilégios

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Foto: MSF

Médicos Sem Fronteiras (MSF) recebeu ontem, 04 de fevereiro de 2022, relatos devastadores de funcionários da organização que estão encurralados em Mariupol e temos acompanhado de perto as notícias que vêm circulando sobre um acordo, neste fim de semana, para a passagem segura de civis.

É vital que estas oportunidades para que civis escapem de áreas onde ocorrem confrontos violentos não sejam pontuais nem com prazo limitado. Em MSF, sabemos o risco que isso representa para as pessoas que não possam ou não queiram abandonar estas áreas, incluindo pessoal médico que opte por ficar para prestar cuidados a doentes e feridos.

“Cada situação é diferente, mas nas nossas muitas décadas de experiência com trabalho em contexto de guerra, sabemos que corredores humanitários de curta duração podem ajudar, mas não são suficientes”, afirma Stephen Cornish, diretor-geral de MSF. “Muitas vezes testemunhamos a maneira como civis foram encorajados a sair por corredores criados para possibilitar a evacuação de pessoas por tempo limitado. Em seguida, aqueles que não puderam ou não quiseram fugir foram submetidos a violência extraordinária e indiscriminada, aplicada a tudo e a todos que ficaram para trás. O resultado foi que muitas pessoas foram mortas ou mutiladas, incluindo médicos e outros civis.”

MSF pede que as regras das guerras sejam observadas por todos os militares que estão em combate nesta guerra na Ucrânia – tomar todas as precauções para evitar atingir civis e considerar civis como tal em todos os momentos e em todos os lugares da Ucrânia. Condições de passagem segura para todos que queiram e possam escapar devem ser garantidas com urgência em Mariupol e através de áreas afetadas pela guerra no interior da Ucrânia, independentemente da existência de corredores humanitários ou cessar-fogos que possam ser colocados em prática temporariamente. Os que eventualmente fiquem para trás não podem nunca perder seu status de civil; as partes em conflito devem fazer tudo que estiver ao seu alcance para impedir danos a civis a todo momento e em qualquer lugar.

MSF apoia quaisquer inciativas de cessar-fogo que permitam a passagem mais segura daqueles que queiram fugir ou para o ingresso de assistência médica ou outro tipo de apoio humanitário, mas o direito de buscar segurança e acesso a ajuda humanitária deve ser uma obrigação e não um privilégio em todos os lugares da Ucrânia.

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