Um mês desde a declaração da epidemia de Ebola em Uganda

MSF está apoiando o Ministério da Saúde do país no controle do surto, declarado em 20 de setembro; foram confirmados 90 casos e 28 mortes, segundo última atualização das autoridades de saúde.

Foto: Sam Taylor/MSF

Desde 20 de setembro de 2022, dia em que a epidemia de Ebola foi declarada em Uganda, Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha junto com o Ministério da Saúde para apoiar os cuidados médicos no país. Do início do surto até 24 de outubro, foram confirmados 95 pacientes com Ebola; 28 pessoas morreram da doença e outras 34 conseguiram se recuperar e receberam alta dos centros de tratamento, segundo dados da autoridade de saúde.

Diante dos desafios impostos pela falta de uma vacina ou tratamento licenciado atualmente para a cepa de Ebola do Sudão e com base na experiência em surtos anteriores, MSF está concentrando sua resposta em três áreas. Equipes de médicos, enfermeiros, logísticos, especialistas em prevenção e controle de infecções e promotores de saúde estão trabalhando para limitar a propagação da epidemia, reduzir a mortalidade e facilitar o monitoramento epidemiológico, a pesquisa e a inovação.

“Um dos objetivos mais importantes no controle da propagação da epidemia é reduzir o tempo entre os primeiros sintomas da doença e seu manejo”.

– Denis K. Mbae, coordenador do projeto de alcance das comunidades.

“Sabemos que quanto mais cedo os pacientes são tratados, maiores são suas chances de sobrevivência e menor é o risco de a doença se espalhar dentro da comunidade”, explica Denis K. Mbae.

 

Leia também: 4 fatos sobre o surto de Ebola em Uganda

 

No distrito de Mubende, o epicentro da epidemia, equipes de MSF estão visitando centros de saúde ou escolas onde os pacientes com Ebola passaram, para apoiar a prevenção e o controle de infecções ou para fornecer informações de promoção da saúde.

A equipe também fornece apoio médico a pessoas que precisam se isolar por 21 dias após contato com um paciente com Ebola e distribui itens básicos, como produtos de higiene, doações de alimentos e equipamentos de comunicação. Este apoio destina-se a compensar a perda de atividades geradoras de renda e a permitir que a pessoa se isole em condições adequadas.

Os promotores de saúde de MSF estão envolvidos na identificação e no monitoramento de contatos, a fim de identificar rapidamente aqueles em risco de portar a doença, bem como para aumentar a conscientização sobre a prevenção do Ebola e o que fazer se desenvolverem sintomas. Por fim, MSF está se preparando para apoiar os centros de saúde para ajudá-los a fornecer assistência médica primária gratuita à população nas áreas afetadas pela epidemia.

Foto: Sam Taylor/MSF

Em paralelo, continuamos a apoiar o Ministério da Saúde de Uganda no tratamento médico de pacientes no distrito de Mubende. A instalação de um centro de tratamento de Ebola com 40 leitos foi concluída. Outra unidade com 40 leitos, que terá a capacidade de fornecer cuidados intensivos para pacientes com casos confirmados, está em construção na cidade de Mubende. Uma unidade de tratamento com oito leitos em Madudu, para aqueles em estágios iniciais da doença, está em funcionamento atualmente.

“Além da construção das unidades, doamos medicamentos e equipamentos de proteção e capacitamos a equipe médica que trabalha nas instalações de saúde, particularmente sobre como cuidar dos pacientes, mas também sobre as medidas de higiene a serem implementadas, o que é crucial para evitar a transmissão hospitalar. Também disponibilizamos ao ministério profissionais de MSF com experiência no gerenciamento de casos de febre hemorrágica, como médicos e enfermeiros”, disse Denis Basdevant, coordenador do projeto de MSF em Mubende.

Foto: Sam Taylor/MSF

Em Kampala, capital do país, MSF desenvolverá medidas semelhantes: atividades de promoção da saúde, apoio para pessoas que tiveram contato com pacientes confirmados, suporte às instalações de saúde em termos de prevenção e controle de infecções e apoio a cuidados de saúde não relacionados ao Ebola. Espera-se também que MSF se envolva nos cuidados de saúde dos pacientes em um futuro próximo.

Por fim, no lado epidemiológico, a Epicentre está colaborando com o Ministério da Saúde, em apoio às atividades epidemiológicas, incluindo vigilância e controle e prevenção de infecções.

MSF também expressou interesse e disponibilidade para participar de pesquisas que começarão nas próximas semanas sobre vacinas e tratamentos para a cepa sudanesa do vírus Ebola.

“A aprovação de vacinas e tratamentos eficazes para a cepa Zaire do Ebola entre 2018 e 2019, na República Democrática do Congo (RDC), e o gerenciamento de surtos subsequentes têm sido ferramentas cruciais no controle da propagação do vírus. No entanto, sabemos que podem ser desenvolvidos e testados com antecedência para determinar sua segurança, mas sua eficácia só pode ser testada durante um surto. Assim, e como foi o caso dos ensaios clínicos realizados para as vacinas e tratamentos de cepa Zaire na RDC, em 2019, MSF está preparada para investir fortemente nesta pesquisa“, disse John Johnson, especialista em vacinas e resposta epidêmica de MSF.

Compartilhar