Vacinas e tratamentos contra Ebola precisam ser desenvolvidos urgentemente

Essa foi a mensagem de MSF aos participantes de reunião da OMS; testes seriam realizados primeiro com os profissionais que trabalham na linha de frente do combate ao surto na África Ocidental

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Após uma reunião de alto nível convocada em 23 de outubro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o acesso e o financiamento para as vacinas de Ebola, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse que os planos para desenvolver vacinas e tratamentos para os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao Ebola devem ser rapidamente implementados. Significativos investimentos e incentivos são necessários agora para acelerar esses passos.   

“A mensagem que ouvimos da OMS, de que as pessoas que estão trabalhando no combate à epidemia serão as primeiras a serem testadas com as vacinas e os tratamentos de Ebola, é exatamente o que precisávamos ouvir”, disse o Dr. Bertrand Draguez, diretor médico de MSF. “Agora, é necessária uma ação urgente para que essas promessas sejam concretizadas na África Ocidental o mais rápido possível. Isso precisa ser distribuído de forma massiva para a população em geral, depois que sua eficácia for comprovada.”

“É fundamental que as pessoas dos Ministérios da Saúde, agências de ajuda humanitária e comunidades que estão assumindo a responsabilidade da epidemia e que asseguram o acesso aos cuidados de saúde sejam protegidos”, acrescentou o Dr. Bertrand Draguez. “Recursos em todos os lugares estão sendo estendidos até ao ponto de quase ruptura; todos estão no limite, mas é extremamente difícil para as pessoas que tratam e trabalham na resposta ao vírus fazer isso sem qualquer rede de segurança. Tratamentos e vacinas seguros e eficazes poderiam oferecer exatamente isso.”

Os trabalhadores que deveriam ser priorizados para testar as vacinas incluem profissionais de saúde, agentes comunitários e pessoas que sustentam a resposta ao Ebola, como agentes de higiene, motoristas de ambulância, promotores de saúde e os encarregados de rastrear pessoas com suspeita de infecção e dos funerais.

O potencial aumento da taxa de sobrevivência com os tratamentos poderia reduzir o número de novas infecções, já que mais pessoas procurariam por ajuda. Ferramentas de diagnóstico mais rápidas e seguras permitirão uma rápida triagem dos pacientes, o que possibilitaria uma gestão melhor e mais segura daqueles que necessitam de tratamento urgente para outras doenças.
As equipes médicas que estão prestando cuidados a outras doenças além do Ebola também devem ser priorizadas para receber os testes das vacinas.

A reunião da OMS em Genebra, presidida pela diretora-geral da organização, Dra. Margaret Chan, reuniu representantes de Estados de alto nível, indústria, doadores, organizações que trabalham na resposta ao Ebola, médicos e pesquisadores. Os temas abordados foram estudos clínicos detalhados e implementação, vias regulamentares e financiamento, além de incentivo para novas vacinas.

Representantes de MSF lamentaram a falta de decisões concretas e alertaram aos delegados que eles não ficarão livres de suas responsabilidades. Enquanto as promessas de investimentos feitas no passadas são cumpridas lentamente – apesar de precisarem ser urgentemente concretizadas –, agora é fundamental que sejam desenvolvidos tratamentos e vacinas, que podem ser o ponto de ruptura desta epidemia, e prevenir futuros surtos.

“Este surto é muito imprevisível; nós não sabemos quando isso vai acabar, se novas áreas podem ser afetadas ou se haverá novos surtos. Vacinas e tratamentos, então, são fundamentais para cessar esta epidemia e garantir que futuros surtos sejam prevenidos e controlados”, disse o Dr. Manica Balasegaram, diretor executivo da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF. “Precisamos que os Estados e as indústrias assumam suas responsabilidades; a indústria precisa arriscar, mas os governos precisam ajudar a incentivá-los e minimizar os riscos.”

O investimento em larga escala em vacinas, medicamentos e diagnósticos é vital e recursos suficientes para testes clínicos e acesso pós-teste devem ser mobilizados pelos financiadores agora. Os dados científicos gerados pelos testes clínicos de cada produto devem ser publicados em tempo real, e o banco de amostras deve ser disponibilizado para facilitar a investigação aberta.

“Incentivos apropriados que dão à indústria um motivo para desenvolver essas ferramentas vitais para combater o Ebola são necessários agora – Estados e doadores devem estar alinhados para ajudar”, disse Dra. Balasegaram. “Nós precisamos que pesquisadores e desenvolvedores conduzam testes clínicos em paralelo à ampliação de abastecimento de suprimentos.”
 

 
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