Violência em Kivu Norte prejudica trabalho de MSF

Ataques, saques e violência sexual são alguns dos problemas nessa região da República Democrática do Congo

Kivu Norte, província na República Democrática do Congo, é uma área de violência crônica, onde o número de confrontos pode aumentar rapidamente. Devido à recente insegurança em Kivu Norte – foram registrados brigas, saques e ataques nas estradas – a assistência que MSF oferece à população está gravemente ameaçada, se não impossível de ser realizada.

Em duas áreas – Nyanzale e Mweso – uma epidemia de sarampo foi identificada em julho, fazendo com que uma intervenção de emergência fosse necessária. Em Nyanzale, equipes de MSF trataram 411 crianças infectadas com sarampo desde julho e 13 mortes foram registradas. Em Mweso, MSF tratou 312 crianças, entre as quais cinco morreram. O sarampo é uma das principais causas de mortalidade nos países em desenvolvimento e pode ser facilmente prevenido através da vacinação. No entanto, a campanha de vacinação que MSF planejou realizar para imunizar 70 mil crianças nessa área teve de ser adiada devido à insegurança. Da mesma forma, continua sendo impossível realizar uma campanha de vacinação em Mweso.

Os últimos confrontos resultaram em deslocamentos maciços da população. Na área de Mweso, território Masisi, MSF está desde fevereiro ajudando quatro clínicas e oferecendo atendimento médico para dezenas de milhares de deslocados internos (IDPs, na sigla em inglês) e residentes. MSF realizou 40 mil consultas (incluindo o tratamento de 17 mil pacientes com malária e 440 crianças desnutridas) para IDPs e moradores da área. Mas quando novos conflitos foram registrados no fim de agosto, a maioria das pessoas fugiu. Hoje, o vilarejo de Mweso e os acampamentos nos arredores foram praticamente abandonados. MSF está muito preocupado com a situação dessas populações deixadas sem assistência.

Ao sul da cidade de Masisi, estima-se que outros 30 mil deslocados internos vivem há alguns meses em uma área perigosa à qual MSF não tem acesso. No hospital da cidade de Masisi, onde MSF começou a trabalhar no dia 30 de agosto, a equipe médica tratou 51 casos de feridos de guerra durante os primeiros dias. Agora, o hospital de 120 leitos está trabalhando com plena capacidade.

Finalmente, a violência sexual é outro problema ao qual os civis estão expostos. MSF trata as vítimas de violência sexual em Rutshuru, Nyanzale, Kayna e Mweso. A cada mês, nossas equipes tratam cerca de 250 vítimas de estupro, nesses quatro lugares. Mas esse número aumento consideravelmente durante o último pico de violência. Nossas equipes trataram 260 novos casos nas primeiras duas semanas de setembro.

A situação na província continua extremamente volátil e preocupante. MSF continua tentando levar ajuda à população de Kivu Norte

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