Febre amarela

A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda. O nome “amarela" refere-se à icterícia que afeta alguns pacientes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a febre amarela é endêmica em 47 países (34 da África e 13 da América Central e do Sul). Em alguns desses países ela é endêmica em apenas certas regiões.

1.

Causa

A febre amarela é causada por um vírus, do gênero flavivírus,  transmitido por mosquitos pertencentes às espécies Aedes (principalmente Aedes aegypti, responsável também por transmitir a Zika, a Dengue e a chikungunya) e Haemogogus. As diferentes espécies de mosquitos vivem em diferentes habitats, o que determina três tipos de ciclos de transmissão:

Febre amarela silvestre (ou selvática): nas florestas tropicais, os macacos, que são o principal reservatório da febre amarela, são picados por mosquitos selvagens que passam o vírus para outros macacos. Ocasionalmente, os seres humanos que trabalham ou que viajam para a floresta são picados por mosquitos infectados e desenvolvem a doença.

Febre amarela intermediária: neste tipo de transmissão, os mosquitos semidomésticos (aqueles que se reproduzem tanto na natureza quanto em torno das famílias) infectam tanto macacos quanto pessoas. Este é o tipo mais comum de surto na África.

Febre amarela urbana: grandes epidemias ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em áreas densamente povoadas com grande presença de mosquitos e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade devido à falta de vacinação.

Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra; o macaco também não transmite a doença. É imprescindível a presença de mosquitos infectados agindo como vetores para que haja transmissão.

 

2.

Sintomas

Geralmente, quem contrai o vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias.

A forma mais grave da doença é rara (só uma pequena proporção de pacientes que contraem o vírus desenvolve sintomas graves) e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias). A pessoa infectada pode apresentar insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço, sintomas que podem resultar em morte num período de sete a 10 dias.

A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra o vírus, o que quer dizer que, depois de se recuperarem, não são mais suscetíveis à doença.

3.

Diagnóstico

A febre amarela é difícil de diagnosticar e o diagnóstico muitas vezes é baseado nas características clínicas do paciente, nos locais e datas de viagens (se o paciente é de um país ou área não endêmica), nas atividades e na história epidemiológica do local onde a presumida infecção ocorreu.

Geralmente, o diagnóstico por laboratório é realizado por meio de testes para detecção de anticorpos específicos. Às vezes, o vírus pode ser encontrado em amostras de sangue coletadas no estágio inicial da doença. Os resultados dos testes estão normalmente disponíveis entre 4 e 14 dias após o recebimento da amostra.

4.

Tratamento

Não há um medicamento antiviral específico para a febre amarela, mas tratamentos contra desidratação, febre e falência do fígado e do rim trazem melhoras.

5.

Prevenção

A febre amarela pode ser prevenida por uma vacina extremamente eficaz, segura e acessível, que produz imunidade em 99% das pessoas vacinadas. Segundos as diretrizes da OMS, uma dose única da vacina é suficiente para conferir imunidade sustentada e proteção ao longo da vida. No Brasil, no entanto, o Ministério da Saúde recomenda duas doses, mas as especificações podem variar.

Em áreas de alto risco onde há pouca cobertura vacinal, o reconhecimento imediato e o controle de possíveis surtos por meio de imunizações em massa são essenciais para prevenir uma epidemia.

Na transmissão urbana da febre amarela, a prevenção deve ser feita evitando a disseminação do Aedes aegypti. Os mosquitos se reproduzem em água limpa e se proliferam dentro dos domicílios e suas adjacências. Qualquer recipiente com água limpa e parada, como caixas d’água, latas e pneus, são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito deposite seus ovos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados.

6.

Atividades MSF

Em dezembro de 2015, um surto de febre amarela começou em Angola e se espalhou até a vizinha República Democrática do Congo (RDC), com potencial de chegar também a outros países. Disponibilizar a vacina foi essencial para prevenir uma disseminação ainda maior da doença.

Em meados de fevereiro de 2016, durante a epidemia, MSF começou a fazer o acompanhamento de casos de febre amarela em parceria com o Ministério da Saúde de Angola. Além disso, equipes da organização trataram pacientes na capital, Luanda (no hospital de Kapalanga), e também nas províncias de Huambo, Huila e Benguela. Na RDC, MSF conduziu uma campanha de vacinação para os 350 mil residentes de Matadi, próximo à fronteira com Angola. Na capital Kinshasa e no Congo Central, equipes de MSF treinaram profissionais de saúde para tratar pacientes com febre amarela e preparar os hospitais selecionados da região para a administração de casos. Atividades de controle vetorial foram implementadas para combater os mosquitos que transmitem a doença.

Em 2016, MSF vacinou 1.167.600 pessoas contra a febre amarela em resposta a surtos da doença em diferentes locais.

Esta página foi atualizada em janeiro de 2018.

O trabalho de MSF envolve uma grande variedade de atividades, desde a organização de campanhas de vacinação até cirurgias reconstrutivas. MSF também pressiona para que medicamentos de qualidade cheguem às populações que não podem arcar com os altos custos de certos tratamentos.

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